11.8.06

Metal Meltdown

Europa Central
Rodovia, perto de um antigo castelo.Ano: Novembro de 2201


Ele havia recebido a missão, e, para manter as aparências, foi cumpri-la. Claro, mesmo que não fosse uma missão, ele teria ido matar esse maldito Desaurido, esses Magos doidos não merecem estar vivos, aliás, eles são um erro que deve ser corrigido.
A vida andava movimentada recentemente, muita coisa mudara com o reaparecimento do pai e os fatos ocorridos no último ano, a vida para ele tinha um novo sabor. Apesar disso, ele tinha muitas dúvidas: como seu pai sobrevivera? O que ele realmente pretende? Qual vai ser a escalação do Barcelona? Eu abasteci no posto passado? Paguei a pensão dos meus filhos? Eram muitas dúvidas que atormentavam o Mago motoqueiro. Finalmente ele sentira a Ressonância vindo de um castelo nas redondezas... e que Ressonância! Enorme, chegava até a incomodar... ele percebeu que seria mais complicado do que achou.
Parou a moto na entrada do portão do castelo. Desceu e entrou. Estava tenso como a muito não ficava, esse era um problema. - Calma... calma... é só um maguinho... é só um maguinho... é entrar, atacar e matar, simples assim... curto, grosso e esporrante. Ele repetia para si mesmo para se tranquilizar, mas não conseguia. Felizmente ele era arrogante e orgulhoso o bastante para prosseguir com a cabeça em pé, aquela Ressonância enorme já teria espantado a maioria dos Magos que ele conhecia. Quando estava chegando perto da porta, ele sentiu uma presença acima dele, acima da porta, flutuando. Olhou. Bateu os olhos e reparou na pessoa que o encarava com um par de olhos fulminantes que diziam claramente: "morra maldito". Ele lembrou de seus ensinamentos: - Pai... o que eu farei se eu encontrar um inimigo mortal, perigoso e praticamente invencível? Como um Desaurido. - Hmmm, corra. Corra como você nunca correu na vida. - Sério? - Não. Aqui no livro e nos ensinamentos Herméticos diz que você deve honrar a Ordem e lutar para defender a humanidade de tal desgraça. Assim, honrando a Capela e a Cabala a qual você pertence. - Isso não seria o correto? - Isso É o correto, mas, para qualquer efeito, o melhor mesmo é correr, correr MUITO. Ele entendera o porque tinha que correr: enquanto corria, o mago alado (ele tinha duas asas negras nas costas) levantou vôo e partiu para cima de Miguel. Era mais rápido do que Miguel esperava e o pegou desprevenido com uma pancada nas costas. Miguel caiu de bruços. Virou-se e só teve tempo de contemplar a bola de fogo que vinha chegando, conseguiu se esquivar rolando para o lado. Foi rolando para a esquerda enquanto o Desaurido lançava bolas e bolas de fogo. Conseguiu se levantar e partiu, desesperado, pra moto. Em sua corrida lembrou-se:
- Pai, por que eles são tão fortes?
- Eles são imunes ao Paradoxo.
- Mesmo assim pai, é só manter magias coincidentes, não é?
- Não é tão simples assim, o Paradoxo vem, só não os atinge.
- E atinge quem?
- O Desperto mais próximo.
- No caso...
- Exatamente.
Voltando a realidade e quase chegando na moto:
- MEEEEEEERDAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!
Resolveu ativar um escudo anti-fogo ao seu redor usando uma das várias frases em latim, assim “não precisava” se preocupar com as bolas de fogo, ele só queria saber do Choque de Retorno quando viria. Montou na moto e deu a partida. A moto explodiu lançando Miguel para longe, enquanto voava ele pensou:
- Maldita boca.
Caiu com violência. Doía muito. Miguel olhou com fúria para o Mago voador.
- Você não deveria ter feito isso. – e começou a andar em sua direção.
O Desaurido apenas ria e continuava lançando bolas de fogo, uma atrás da outra. Miguel começou a realmente não se importar, matando todas elas no peito. Uma atrás da outra. Ele só ia um pouco para trás por causa do impacto. E só parou a sua marcha impetuosa e mortal quando se encontrava em uma distância aceitável para um tiro perfeito, sacou a sua Magnum .45, apontou na direção do Louco e disse:
- MORRA PARDAL MALDITO! – e atirou.
O Desaurido recebeu o tiro e caiu no chão como uma pomba aleijada.
Miguel apenas contemplou seu troféu ao longe, deu as costas e saiu andando rumo ao posto de gasolina mais próximo pensando com a arrogância de sempre:
- Foi mais fácil do que eu pensei... – então ele ouviu uma gargalhada. Olhou para trás e constatou, estupefato, quem se erguia nos céus novamente. Arregalou os olhos, amaldiçoou até a nona geração da família do Desaurido e saiu em disparada na direção... oposta.
Correu como nunca correra na sua vida, dessa vez ele realmente correu, usou mágika para tal, inclusive. Chegou no posto mais próximo e pediu carona para o caminhoneiro que, relutante em um primeiro momento, mas depois feliz e honrado por dar a carona, a fez com um largo sorriso nos lábios, inclusive pagou uma rodada de cerveja para Miguel e emprestou, sem necessidade de retorno, dois mil Euros.
Resolveu mentir para seu superior dizendo que cumprira a missão e dizer que vai passar uns dias em Florença. Com a missão cumprida ou não, ele iria para lá do mesmo jeito e foi o que fez, o caminhoneiro muito bondoso o levou até a porta da Capela onde Miguel pode entrar, tomar um banho, conferi a escalação do Barça, tomar uma cerveja, ligar para Diogo contando do acontecido, amaldiçoar (novamente) o Desaurido pela sua moto destruída, verificar a conta bancária, ver um modelo de Harley que o agradava e ir comprá-la no lugar mais próximo, zerando sua conta logo em seguida.
Voltando com sua moto zero e fazendo pose para as menininhas da cidade, Miguel teve um lampejo de memória, foi quase um segundo Despertar. Parou a moto, vislumbrado com tal coisa. Desceu. Bateu com a cabeça na parede mais próxima e falou revoltado com sua estupidez:
- A pensão... eu não paguei a pensão...
Nisso lembrou-se da conta bancária zerada, pegou o celular e ligou:
- Diogo? Primão! Seguinte...