31.5.06

O Encontro com o Mestre

Umbra, Reino Desconhecido.
Mansão de Marfim, centro do Reino.
Ano: 2200
Um goblin se aproxima do suntuoso terreno da mansão, na entrada, muito antes de chegar á porta da mansão, dois guardas de cerca de 3 metros de altura e armadura pesada dourada guardam o magnífico portão que dá para o enorme jardim que, dizem alguns, depois de 20 minutos de caminhada você chega no centro onde se depara com a magnífica Mansão de Marfim, enfim, o pequenino e esverdeado goblin se aproxima e encara (ou tenta) os dois guardas, estes olham para baixo fitando o horrendo ser, depois de alguns segundos de troca de olhares ameaçadores um dos guardas resolve se manifestar:
- O que quer?
- Tenho um recado para o Mestre.
- Quem deseja?
- Eu.
Diante da resposta seca, sarcástica e tola do goblin, o guarda que dialogava quase que chutou o infame ser, só foi impedido por uma voz ecoando em sua mente:
- Deixe-o entrar.
A perna do guarda parou no meio do caminho, quase acertando seu pé enorme no deformado nariz do goblin, o homem dourado falou:
- Entre, você tem a imunidade.
O goblin sorriu e passou pelo portão de cerca de 30 metros, assim que entrou se deparou com um caminho enorme – “vai passar dos 20 minutos” – esse caminho, curiosamente, era feito de tijolos amarelos, pode-se dizer que o Mestre tem um senso de humor... peculiar.
Durante o caminho, o goblin finalmente percebera o que o guarda quis dizer com “imunidade”: se ele não tivesse permissão para entrar, várias bestas famintas e ferozes já o tinham devorado (ou pisoteado), ele não falava apenas dos 10 pastores alemães que corriam pelo enorme jardim, mas sim dos quatro dragões, seis quimeras e vários lobos enormes de pelugem branca, esses pareciam ter o dobro do tamanho de um lobo normal – “recordações da família...” –. Fazia muito tempo que o goblin não via o Mestre, desde o incidente de 20 anos atrás nos Alpes, todos pensavam que ele havia morrido, mas, vejam só, 20 anos depois esse ser recebe a mensagem para vir atrás dele, uma espécie de mapa de como chegar e um lampejo de esperança no coração, afinal, tantas pessoas importantes que o Mestre poderia escolher e ele escolheu justo aquele goblin, o ser mais chutado do mundo, nem uma bola de futebol sofria tanto como ele (até porque, em alguns casos, ele era a bola, e não só de futebol), o engraçado é que ele continuava o mesmo, sistemático como sempre, aliás, sistematicamente errado, o mapa estava errado e o goblin se perdera tendo que parar várias vezes para pedir informação.
Felizmente esse ser deu sorte em pedir informação na Umbra, realmente, não se pode esperar muito do intelecto de um goblin, pedir informação para almas, seres da Wyrm e coisas bizarras que existem nos Reinos espalhados por aí é quase que pedir para morrer, mas, com uma sorte absurda, o goblin consegue chegar até a porta da mansão:
- Mais rápido do que eu pensava... – tinha se passado uma hora desde que o goblin atravessou os portões, ele se encantou com um unicórnio no meio do caminho e tentou ir atrás do ser. Não conseguiu.
Bate na porta. Ela se abre e um grande salão é revelado, vários quadros postos na parede, enormes, no salão mais adiante se vê duas escadas, uma de cada lado fazendo uma pequena curva acompanhando a leve circunferência do salão, duas portas: uma de cada lado, faz com que o pequeno ser perceba que o lugar é bem maior do que ele ouvira falar, reconheceu alguns dos quadros na parede:
- Realmente ele continua o mesmo... – até que ele resolve passar o olho para cima das escadas, em um tipo de início de segundo andar, no topo, o Mestre olhava para ele sorrindo e de braços abertos com uma face extremamente convidativa a um abraço, o goblin, estupefato, nunca estivera acostumado com tanto afeto de ninguém, aliás, nem mesmo do Mestre, por isso, os olhos escrotos do ser bizarro se encheram de lágrimas fazendo com que, quem olhasse pro goblin tivesse vontade de chutá-lo, o ser lembrou disso mas não se importou:
- Mestre...
- Verde-limão! Quanto tempo rapaz!
- Mestre... – as vestimentas do Mestre eram vermelhas, literalmente uma capa que lembrava a de um pomposo rei, uma camisa branca por baixo e uma calça preta, o tecido não dava para identificar, mas os sapatos também eram pretos, se tirasse a capa e botasse um terno preto e gravata ficaria idêntico a um garçom.
- Que novidades você trás meu querido? – com um sorriso enorme no rosto.
- Muitas Mestre... muitas... eu, inclusive, trouxe por escrito!
- Ótimo, assim eu tenho mais detalhes. Venha, suba até aqui e me dê um abraço!
Verde-limão, mais do que depressa, subiu as escadarias tropeçando em vários degraus, ele tentou contar, parou no vigésimo quando tropeçara pela terceira vez. Essa seria a prova. Aparência igual, gestos iguais, voz igual, mas, mesmo assim, ele tinha que ver se era o Mestre ou, então, algum inimigo querendo as informações preciosas que o goblin tinha. Se aproximou e pulou para o abraço de seu suposto Mestre, este, deu dois passos para trás e emendou um chute bem nos fundilhos do goblin, este, pela primeira vez, voou com os ladrilhos doloridos com um sorriso, bateu a cabeça na parede e, antes de desmaiar, pensou:
- Sim... é o Mestre...